Fátima Trinchão
Poesias, Contos, Crônicas
Textos
VINTE DE NOVEMBRO - DIA DE REFLEXÃO

          Às vésperas do dia vinte de novembro, buscamos relembrar e refletir a respeito da vida e da postura assumida por Zumbi de Palmares; rememoramos Zumbi de Palmares, seus feitos, sua coragem, e na oportunidade dessa lembrança, lembramos também de outros grandes líderes, que não se calaram, não se omitiram,homens e mulheres que na história da humanidade dedicaram-se a luta pelo respeito e reconhecimento dos direitos plenos do outro; figuras ímpares que gravaram os seus nomes na memória de todos os que foram beneficiados ou não pelas suas atitudes, pela sua coragem, pela sua luta contra a opressão e as injustiças. Pessoas que buscaram, muitas vezes com o sacrifício da própria vida, resgatar os direitos e a dignidade de um povo, que haviam sido negadas. Acreditamos que, vinte de novembro, é um dia de reflexão, instituído como o dia em que rememoramos Zumbi de Palmares, mas, a consciência deve estar presente todos os dias, a consciência deve estar presente em todos os nossos momentos; a consciência de que como pessoas que somos, todos temos direito ao respeito à nossa condição de seres humanos, únicos na nossa indivídualidade, irmãos e unos em relação ao Universo. O acesso a boa educação, o acesso a saúde, a moradia, ao emprego, ao lazer, ao bem estar, ao saneamento, o poder professar a sua religião, viver as suas tradições, relembrar os seus ancestrais... esses direitos e necessidades que compõem o tantum de dignidade que é devido a cada pessoa.
          Líderes como Zumbi de Palmares,Luiz Gama que tão eloquentemente defendia nos tribunais do império os negros oriundos de plagas distantes ou daqui originários, vilipendiados na sua integridade,"em nós até a cor é um defeito. Um imperdoável mal de nascença, o estigma de um crime, mas os nossos críticos se esquecem que essa cor é a origem da riqueza de milhares de ladrões que nos insultam; que essa cor, convencional da escravidão, tão semelhante a da terra, abriga sob a sua superfície escura, vulções, onde arde o sagrado fogo da liberdade"; Luther King,cuja voz conclamava a todos a consciência,e, mesmo de tão longe, trazidas pelo vento, suas palavras, nos soavam tão perto, tão dentro de nós,nos tocavam tão fundo, "eu tenho um sonho. O sonho de ver meus filhos julgados por sua personalidade e não pela cor da pele", Malcon Litlle, (Malcon X),Stive Biko, Nélson Mandela,"sonho com o dia em que todos levantar-se-ão e compreenderão que foram feitos para viverem como irmãos", Angela Davis, Yaa Asantewaa, Luiza Mahin,Luiz Gama, Maria Felipa, Manuel Calafate, Aprígio, Elesbão do Carmo, Pacífico (Licutan),Manuel Querino, Desdmond Tutu, esses e tantos outros líderes ou não, famosos ou anônimos, figuras históricas ou simples viventes, mas que,quando chamados, não omitiram-se e foram a luta, tornando a luta de centenas, milhares ao redor do mundo, a sua luta. 
           Enfim, a reflexão diária, a consciência de que, sendo pessoas, temos todos o direito a uma vida digna e ao respeito que a condição de seres humanos impõe. Sem apartheids, sem barreiras, sem distorções. E é nessa esteira consciencial que Bob Marley traduz o seu sentimento em palavras e nos revela:"Não preciso ter ambições. Só tem uma coisa que eu quero muito: que a humanidade viva unida...negros e brancos, todos juntos."
Fátima Trinchão
Enviado por Fátima Trinchão em 19/11/2010
Alterado em 19/11/2010
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