O VÔO DE PETER PAN
OU O PEQUENO GRANDE MICHAEL
Lembro-me bem de Michael criança, quando começou, pequenino, e atraia multidões ao apresentar-se com os irmãos no Jackson Five, ao vê-lo, ainda no receptor em preto e branco ficávamos embevecidos e atraídos pelo seu talento em transmitir desde criança tanta emoção, através de canções tão belas. Enternecia-nos os gestos doces daquele que dentre cinco, destacava-se. Cabelos em estilo blacks power, voz aguda, olhos sonhadores, garra de quem tem muito a fazer, quem ao vê-lo não se contagiaria diante de tal carisma? Muitos anos se passaram, revejo-o em pleno auge de sua carreira, espalhando calafrios e alegria nos palcos e danceterias do mundo; thriler é um fenômeno de vendas mundial, e a cada ano que passava, a cada cd vendido, aumentava ainda mais o número de seguidores e admiradores da sua arte. Michael era na verdade um artista por inteiro; cantor e dançarino, leve, ágil, completo, seus passos intrigantes e extravagantes hipnotizavam platéias do mundo inteiro e como era bom dançar e sonhar ao som de Ben. Dos escândalos e desacertos que lhe pontuaram a vida, as suas várias operações plásticas, boatos de negação de sua identidade; as desavenças com familiares, o divórcio, os processos... cada um desses desgostos iam-lhe tisnando mais e mais o ser, e deixando-o só, muito embora cercado na maioria das vezes por grandes multidões, só; a cada dia que passava, tornava-se,a sua saúde mais e mais frágil, necessitando de atenções e cuidados especiais. Embora os tempos tenham corrido, Michael sempre nos parecera, o menino que cantava Ben, não o vi crescer. Quando de sua visita ao Brasil, mais em particular, à Salvador, Bahia, no Pelourinho, acompanhado pela fantástica banda do Olodum, ao gravar o vídeo clip They don’t care about us mudou o cotidiano dos moradores das redondezas e da cidade, aprendeu com eles passos novos, e teve, em redor de si, a gente toda que veio de perto e de longe para vê-lo, e aplaudi-lo, ovacionando-o aos extremos, tudo o que eu quero falar é que eles não ligam para nós, disse na sua canção, mas, nós ligamos e amamos o Micheal; embora ele fale um idioma diferente, e muito do nosso, corroboramos o que muito se disse: a arte não tem fronteiras, a arte é universal, não pertence somente a este ou aquele povo, mas, a todos os afortunados que dela possam sorver porções generosas de emoção ao participar com o artista da criação e genialidade contidas em sua obra. Ninguém morre, enquanto permanecer vivo na memória alguém.
Que a sua arte seja sempre um elo a mais na corrente que deverá nos unir, irmanando-nos em busca de dias melhores, mais promissores, se você quer fazer do mundo um lugar melhor/ olhe para si mesmo e então/ faça a mudança. Que a sua música seja ouvida e dançada por muitas e muitas gerações; que a alegria, o encanto e a comunhão sejam referências ao falarmos sobre o ídolo e o homem Michel Jackson. Que Ben, We are the world, They don’t care about us, Man in mirror ...sejam os hits de todos os momentos. Que a transitoriedade, que nos é comum, permita-nos perceber que tudo passa, mas que, também podemos viver os bons momentos com plenitude e em plenitude.
Peter Pan sem Sininho e sem Wendy, sem os meninos perdidos, sem o Capitão Gancho à sua espreita, o encanto da poção mágica o fará planar, por ares nunca dantes navegados, entre brilhantes astros cadentes e ascendentes, cuja rota é a segunda estrela à direita, rumo à Terra do Nunca.
Fátima Trinchão
Enviado por Fátima Trinchão em 02/07/2009
Alterado em 02/07/2009