Fátima Trinchão
Poesias, Contos, Crônicas
Textos
SALVADOR, 06 DE OUTUBRO DE 2019.
Caros Amigos

Boa tarde,
               Inicio esta conversa desejando a todos, paz e bem,
               Foi com imensa alegria que recebi o contato do professor escritor Fernando Gonzaga que me privilegiou imensamente com o convite para participar do EPA. Encontros Periféricos de Arte, cujo propósito reside em “valorização e difusão das manifestações e do universo da arte negra e da periferia.” Como também,  privilegiada fui, com o contato do professor, escritor e mestre Bruno Reis, que gentilmente estendeu e ratificou o convite para o nosso comparecimento ao Teatro Gregório de Matos, palco que é de grandes acontecimentos. Parabéns aos envolvidos, aos autores e idealizadores de tal Projeto. Precisamos sim desta mostra da nossa força que  vive e repercute através dos tempos da nossa existência e memória.
               Juntos somos fortes.
              E é preciso que assim permaneçamos para que possamos atingir os nossos objetivos de respeito e igualdade.
              Temos que, a arte é a expressão máxima da emoção humana. A arte nos expõe. Expõe o nosso jeito de ser e viver. Restaura nossas memórias, dignifica a nossa ancestralidade e sem esta emoção que a arte nos proporciona, nada somos. A música, a dança, a pintura, a escultura, a dramaturgia, a literatura, o desenho, são as diferentes formas de arte, entre tantas outras, que se concretizam através da habilidade, da competência e do pendor do artista que livremente a expressa para gáudio e reflexão de tantos quantos têm a oportunidade ímpar de vê-los, ouvi-los, tocá-los até, por fim, inteirar-se e integrar-se no ver, no fazer e no sonhar também, já que a arte nos possibilita criar asas e pairar por sobre mundos e paisagens até então para nós, desconhecidos.
      A literatura, como forma de arte, nos conduz a poesia, ao romance, ao cordel, a ode, a crônica, ao conto, e é para muitos ou para a maioria, motivo de bel prazer. Que o seja. A arte nos direciona também àquilo  que é prazeroso.
    No entanto, em se tratando da literatura afro brasileira, literatura brasileira de escritores negros; literatura brasileira,ou simplesmente, literatura negra, cuja predominância  na sua narrativa é de memórias e vivências de um povo tiranizado e subalternizado em terras brasileiras, tal literatura não será deleite, ou não servirá somente de deleite, será sobretudo uma literatura de resistência, de denúncia, de memórias, de pertencimento, de reconhecimento e gratidão a ancestralidade.
        Cabe a nós, professores, escritores, escultores, dançarinos, artistas de todos os ramos da arte, nos irresignarmos contra as mazelas que nos afligem. E o racismo, tende a ser a maior e a mais retumbante delas.
      Nós somos responsáveis.
      Nós que temos o dom da arte, da palavra falada e da palavra escrita, nós, professores, incumbidos que fomos de formar as gerações futuras do nosso país; aos filósofos, cujos pensamentos emanarão e alcançarão as mentes ávidas por saber; aos que cuidam do corpo, dando as dores lenitivo e esperança; aos que dançam e combinam seus movimentos corporais e através destes escrevem poemas ritmados de beleza e harmonia, ao que Nietzsche ateu, filósofo, poeta, escritor  e critico cultural, afirmou : “Eu somente acreditaria em um Deus que soubesse dançar.”
        Nós somos responsáveis.
        Não podemos nos omitir e nem podemos silenciar.
        “Nossa vida começa a terminar no dia em que permanecemos em silêncio sobre as coisas que importam” Martin Luther King.
       Desta forma, a todos nós, cabe a busca pela igualdade, pelo equilíbrio, pela paz, através da justiça social, pela aplicação de políticas públicas que protejam os que estão em maior situação de vulnerabilidade.
      Somos todos merecedores do que de melhor existir.
      Somos todos filhos do mesmo Criador.
      Que a justiça se faça para todos.
     “ Quem merece, recebe,
       Quem deve paga”.
    Busquemos a mudança que transformará para melhor. Para tal mister, utilizemos a paciência e o amor e saibamos extirpar o ódio de nossa convivência.
    “Eu decidi ficar com o amor, o ódio é um fardo muito grande para suportar”.
Evoé àqueles que cá vieram prestigiar este Encontro,
Evoé a todas as formas de Arte, que tem o poder de sublimar a existência humana.
Evoé aos Artistas, cujos dons, entrega e habilidades, os aproximam dos deuses .
Grata pela atenção.
 



A PELE

ESTA PELE QUE ME COBRE,
ESTA PELE QUE ME ENVOLVE
O CORPO,
ESTA PELE QUE ME MARCA
E ME FAZ ÚNICO
EM MEIO A TANTOS,
ESTA PELE QUE ME DEFINE,
MANTO DE EXTREMA
LEVEZA,
COMO A NOITE
REPLETA D’ESTRELAS,
COBRE O MUNDO,
A TERRA INTEIRA,
PELE PRETA
PRETA PELE,
BELEZA QUE ME ACARICIA.
ESTA PELE QUE ME VESTE,
EM CLARO E SERENO RITO,
ESTA PELE QUE ME ENCOBRE,
MANTO DE EXTREMA GRANDEZA
ESTA PELE QUE ME MARCA,
QUE ME MARCA E ME COMOVE
ESTA PELE QUE ME ENCOBRE
COMO A NOITE A TERRA INTEIRA
EM CLARO E PROFUNDO RITO
MANTO DE EXTREMA GRANDEZA
É ESTA A PELE QUE HABITO
       
 
 
Fátima Trinchão
Enviado por Fátima Trinchão em 29/10/2019
Alterado em 29/10/2019
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