CADEIRA DE BALANÇO
Entardecia,
Sentada em uma varanda
eu estava.
Em cadeira de balanço,
balançava-me.
Relembrava o tempo
que passou,
ao olhar para o alto,
e divagava...
E ali, àquela altura,
àquela etapa,
quinze lustros de vida
já contava;
e ao tocar-me no rosto,
cruéis rugas,
que o tempo
(já faz tempo)
me deixara...
...e com os olhos já sem
brilho,
eu fitava,
o horizonte das
lembranças que
me encantara.
E me via,
era menina e de
tranças,
gritava e pulava,
era criança.
O tempo,
era um amigo
jovem e traquinas,
e trazia,
agarradas à sua
crina,
as esperanças e alegrias
d'eu menina.
Hoje,
contemplando-o
cá sentada,
desfio a teia
que teceu
o meu destino.
Vejo o tempo,
meu amigo
(hoje um velho)
e perscruto-lhe a face
enrugada...
quão sábias e prudentes
suas palavras.
E no fim e ao findar
desta jornada,
tão curta e tão longa
ao mesmo tempo,
contemplo o horizonte cá sentada
enlaçando os dedos finos e
as mãos magras,
nos sonhos e lembranças
de menina.
O passado distante
que evocava,
confundia e consumia-se
a um só tempo,
no vento leve
que a poeira
levantava.