A FLORESTA
Leve bruma se estende por sobre a floresta.
É manhã, e os primeiros cantos do passaredo
Já se fazem ouvir, desde há muito, desde cedo.
E a natureza mãe amável, generosa, manifesta,
E estende suas graças e pendores neste enredo
E nas gotas de orvalho em cada folha, em cada rosa,
Em cada árvore, em cada em canto, em toda história
Extasia-se o homem, pasmo,redivivo e quedo.
E lá está o nobre homem, parte daquele templo,
De várias cores, bem colorido o seu cocar,
Neste momento, não sei se homem, não sei se bicho,
tão integrado, àquele templo, o homem está.
Diante do amor do Teu amor, revivendo toda a glória
Num cenário tão real, tão majestoso, imodesto
Neste esplendor, força e poder em todo o verde,
Onde presentes fadas, orixás, gnomos e duendes,
E Tupã sempre todo e eterno, onisciente,
É o Todo e o Todo é para sempre Venerável
Cuja presença é, em tudo que se move, e imutável,
Pois o laço que há, é perfeito, permanente.
Testemunhem o relâmpago nos céus a clarear,
Suas aves que ciciam, num constante chilrear,
Que murmurem escaldantes e constantes cachoeiras,
Cujos rios se abrem em vertentes e fronteiras.
E a quietude e toda a paz que emana deste lar,
E o silêncio que desliza mansamente, milenar
Esgueirando-se por entre flores, sementes e folhagens
Na beleza e candura imorredouras do lugar.
Neste templo onde habita o Deus perene,
No silêncio que em prece se eleva, ecoando
Nestas selvas ainda virgens e completas,
a grandeza de Tupã pela floresta.
Donde inspiras e crias e transpiras com o sopro
Do Teu amor, onde a festa e a alegria são eternas,
Urutus, araras, sanhaços, papagaios, seringueiras
uaicari, açais,onças pintadas, vitórias-régias.
Que o digam essas pedras do caminho,
Esses raios que aquecem sem queimar,
Expandindo por sobre copas, troncos, flores
E espinhos,
toda a vida na floresta secular.
E de tarde, quase noite,o silêncio se faz ímpar no lugar,
Logo, logo o luar sobre a floresta,
nem um pio de coruja a cicatar,
Todos dormem, todos sonham sonhos lindos
Embalados na magia do luar.
De manhã, um novo dia, um novo céu,
tudo recomeça!
Um novo tempo, a ser vivido em plenitude e alegria,
De galho em galho,
em todo canto, é colorida
Toda a esperança e todo o verde da floresta.
Somente a vida,
(e tudo é vida),
Se celebra!
Fátima Trinchão
Enviado por Fátima Trinchão em 22/03/2010
Alterado em 21/09/2020