Fechei preconceitos, abri essas portas
só dessa vez, disse-lhe ela, ao lado do armário;
ferrolhos, tramelas, tudo aberto, desarmado;
e num instante, num átimo, o beijo que rolou livre.
Sem tramas, nem ascos, somente o agora importava,
somente agora, era a hora, nem o vento que rugia,
agreste, trazendo de longe, do leste,
na fumaça que a tudo obnubilava, o desvario e a
peste.
E quase desmaiando, minguando de tanto prazer
e emoção, baixinho sussurrou-lhe aos ouvidos:
Traíram-me os sentidos, fechei preconceitos,
abri minhas portas...
o ontem já fora, o futuro ...será?
Só agora é o que importa, e por tudo isso,
entregei-me aos riscos e aos risos
fechei preconceitos, e abri esta porta.