Fátima Trinchão
Poesias, Contos, Crônicas
Textos
A PROPÓSITO DO 20 DE NOVEMBRO


                     O homem avançou enormemente, avançou na invenção e utilização em larga escala das novas tecnologias, avançou na descoberta de medicamentos que diminuem a dor e nos concedem maior longevidade, avançou quando transformou este imenso planeta, numa grandiosa aldeia global. Parabéns a este homem, que inventa, que busca, que avança, que vence grandes desafios com o poder de sua inteligência. Mas, a todos nós, permanece um desafio maior, e que ainda está longe de ser vencido, talvez, o mais ameno, e por isso mesmo, o mais difícil aos olhos de muitos: o desafio está em vencermos os nossos preconceitos, em vencermos as nossas intolerâncias em relação ao outro, em nos olharmos e nos respeitarmos mutuamente não fazendo ao outro, aquilo que não gostaríamos que nos fizessem. Ainda que, tantos tenham sido os avanços da ciência e da tecnologia, o progresso das cidades e dos países, no entanto, emperramos quando o assunto é o outro e suas diferenças, o outro e sua diversidade. Claro, em um mundo tão vasto de conhecimentos e cores, tão rico em belas surpresas, com mares imensos e desertos grandiosos, florestas densas, rios caudalosos, montes, montanhas, escarpas,planaltos, planícies, cavernas e campos, flores de tantos matizes, folhas de tantas formas e tamanhos, plantas que curam, que fazem renascer, que fortalecem, que limpam o corpo e a alma, em um mundo com tal diversidade, não poderíamos ser tão iguais fazendo sempre a mesma coisa, quando o homem já constrói robôs de tanta e tamanha versatilidade, que a eles, só falta do pensamento. E o pensamento, este pensamento que nos faz diferentes dos animais, este pensamento que nos leva a razão, e "a razão rege o mundo". Mas, muitas vezes a razão falha. E nos eivamos de conceitos prévios em relação ao outro, ratificando idéias e preconceitos tão antigos e tão errados, que carecendo de justificativas mais lógicas e plausíveis, deveriam, desde há muito,deveriam ter sido corrigidos, ou melhor, deveriam ter caido por terra. Prezar a cultura do outro, prezar a sua fé, prezar os seus valores, a sua identidade, e não julgá-lo pela cor de sua pele. Luther King confessou ao mundo: “ Eu tenho um sonho. O sonho de ver meus filhos julgados por sua personalidade, não pela cor da pele".  Muitos têm sonhado e lutado para que cheguemos a este nível de compreensão, os pacifistas,  os homens e mulheres de paz, os movimentos das mais diversas filosofias, os professores em suas salas de aulas e palestras, os anônimos, cumprindo esses, desta forma a sua missão de luta contra todo e qualquer preconceito que nos obstaculize maiores conquistas.

                 Nesse vinte de novembro, dia consagrado a memória de Zumbi de Palmares, quando relembramos as lutas empreendidas por um sem número de guerreiros e guerreiras, que não aceitando a condição de subalternidade e humilhação a nos imposta, lutaram das mais diversas formas que puderam lutar : fugas,  revoltas, palavra, poesia, trabalho, fé. Seguindo os seus exemplos, ainda hoje, enfatizamos a necessidade de que políticas públicas já implementadas, visando o crescimento econômico e social do povo, sejam mantidas e reforçadas, traduzidas estas, através de uma educação pública de qualidade desde o ensino fundamental, bibliotecas, transporte público digno,moradias decentes, ruas asfaltadas, água tratada, energia elétrica ao alcance de todos, que a saúde seja contemplada como prioridade permanente, a fim que, todos, indistintamente, sejam bem amparados, como exige a nossa condição de seres humanos. Que a nossa fé seja respeitada, vez que,o direito a liberdade religiosa é um direito fundamental, assim como o direito a vida. Assim como deve ser respeitada e entendida a nossa Carta Magna, em seu todo, e mais particularmente no que aqui se enfoca, a religião, e leiamos e interpretemos até entendimento pleno, o seu Artigo 5º., quando
estipula ser inviolável a liberdade de consciência e de crença,assegurando o livre exercício dos cultos, e garantindo, na forma da lei, a proteção aos cultos e as suas liturgias” e a Declaração Universal dos Direitos Humanos no seu Artigo 18, que preconiza :Todo homem tem direito à liberdade de pensamento,consciência e religião; este direito inclui a liberdade de mudar de religião ou crença e a liberdade de manifestar essa religião ou crença pelo ensino,pela prática,pelo culto em público ou em particular.”

 

                 Como sonhava o Pastor Luther King, muitos de nós também temos um sonho, que é o sonho de milhares, e até de milhões, quem sabe? E esse sonho é o sonho de que indistintamente nos reconheçamos como filhos do mesmo Pai, nos melhoremos e nos ajudemos, não permitindo que as diferenças que nos fazem únicos, nos distanciem, nos rotulem, nos estereotipem,nos separem, impedindo-nos de viver uma verdade maior, pois que sendo únicos, somos iguais, sendo iguais somos diversos, e é essa diversidade que nos faz ricos e grandiosos, a partir do momento em que somamos e repartimos, jamais nos dividindo, mas compreendendo e crescendo, tudo junto e misturado, cujo objetivo será sempre o presente e o futuro mais justo, digno e luminoso para todos.

 

 


Fátima Trinchão
Enviado por Fátima Trinchão em 14/11/2011
Alterado em 14/11/2011
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