Fátima Trinchão
Poesias, Contos, Crônicas
Textos
       O MELHOR DOS MUNDOS

   Neste dia 20 de novembro, nos reportamos a luta de Zumbi e todos os que, heorica e anonimamente lutaram para a libertação daqueles que se achavam presos às correntes materiais e morais da ignorância, da maldade e da intolerância. “É mais fácil quebrar a estrutura de um átomo do que derrubar as raízes do preconceito”. A assertiva de Einstein dita há muito tempo parece-nos tão atual, quanto atuais são as declarações e denúncias que espocam dia após dias através da mídia nacional e internacional, a respeito de atitudes de preconceito racial, agravadas por maciço apoio daqueles que são ainda são simpáticos a causa.    
   O ser humano em geral é detentor de beleza ímpar, inquestionável, indiscutível, perfeito na sua inteireza, perde-se na maioria das vezes em discussões estéreis e descabidas a respeito da superioridade deste sobre aquele, gastando laudas e laudas de papéis, livros, argumentos, discussões acaloradas que provocam perdas de tempo e energias irrecuperáveis, uma vez que, o tempo perdido e a flecha lançada jamais retornam.
   Ao pesquisar a intrincada complexidade do DNA humano, os estudiosos descobriram que todos estamos entrelaçados,e de alguma forma existe entre nós um parentesco por mais distante que seja, o que nos leva a concluir que somos enfim, uma grande família na superfície do divino planeta Shan.
    Realmente, “existem mais mistérios entre o céu e a terra, do que sonha a nossa vá filosofia”. E a nossa vã filosofia não poucas vezes lança-nos no vale profundo e tenebroso dos nossos vários preconceitos, por vezes tão profundamente enraizados e fortalecidos cotidianamente por ações e atitudes impensadas e irrefletidas. A cor da pele de alguém não diz do seu caráter, o seu cabelo e nariz são tão belos e perfeitos, quanto o de qualquer outro irmão, da raça humana, independente da cor de sua pele; indigno de sua condição humana torna-se aquele que julga o outro pela cor da pele, que deprecia o outro, degradando-o a pior das condições, segundo seus próprios conceitos, que precisam muitas vezes de uma vasta revisão. Surpreende-nos muitas vezes notícias de denúncias de preconceito racial que desembocam a depender de sua extensão em injúrias. 
  Aqui alguém de cor negra e cabelos naturais que entra em determinada casa comercial para efetuar compras e é intensivamente seguido por um funcionário do local, sendo em determinado momento acusado de furto; outro, de características físicas semelhantes, também, passa pela mesma via crucis; além, mais um que é acusado de e
xperimentar roupas e levá-las debaixo de suas roupas diárias e dessa forma sair do local, e num ato extremado, a vítima despe-se na praça do centro comercial, para que todos vejam que ele não havia feito nada de ilegal ou errado. Aos ofendidos,resta muitas vezes o pedido de desculpas de gerentes e responsáveis pelos estabelecimentos, mas que, não abrandam nem de longe o constrangimento infligido.
  Em recente declaração, o presidente dos EUA, o homem mais poderoso do planeta declarou: “Qual o jovem negro,que nunca foi seguido por seguranças ? Como é difícil arrancar as raízes tão profundas de um preconceito. Devemos continuar a nossa luta para que todas as formas de discriminação sejam banidas da sociedade, e em especial a discriminação racial, este appartheid encoberto com o véu da democracia racial, que nos assombra a cada dia que nasce. Quantos dizem, e quantas vezes ouvimos dizer: “Não sou racista, mas, não quero ter o trabalho em pentear os cabelos de meus netos, se por acaso forem pretos...”, “eu, eu não confio em médicos negros”, “Não gosto de modelos negras.”...e daí por diante, já passou da hora de acabarmos com isso, e como passou, a extraordinária sociedade que alcançou e alcança uma evolução tecnológica diária não pode se deixar enlaçar por pensamentos tão antigos de hegemonia, quando o nosso imo nos diz que somos tão semelhantes, mas tão semelhantes que essas semelhanças, suficientemente grandes que são, deveriam servir para nossa maior união e fraternidade e jamais, separação e discórdia. Para tal e tão intenso preconceito encontramos como resposta a compreensão e piedade.
   E então, nós mais uma vez, trazemos à baila as palavras do físico tedesco quando o mesmo assevera:“Pobre mundo esse nosso, a liberação do poder do átomo tudo mudou,exceto o nosso modo de pensar. A solução para esse problema reside no coração da humanidade”.
   Diz o salmista que “Há tempo para tudo”, o nosso tempo é agora, tempo de não perder mais tempo, desconstruir o pensamento induzido pelo ódio, pelo preconceito, pela intolerância e nos permitirmos viver em um novo mundo, não somente no melhor dos mundos possíveis,como disse Pangloss, mas,como nós merecemos, no melhor dos mundos.
Fátima Trinchão
Enviado por Fátima Trinchão em 20/11/2014
Alterado em 20/11/2014
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