O RELÓGIO
A areia fina da ampulheta escorre
por entre os vãos, lá fora.
E o porvir, está mais próximo do que distante.
O grande e extremo segredo, é o agora!
Olho o relógio e o seu pêndulo
Marcando as horas e os segundos
Num ritmo grave e lento,
Num processo diuturno,
Prolongado e ponderado,
Atento e cadenciado ,
Duradouro e permanente,
Enquanto somos presentes.
Clepsidras bem-dispostas,
Num salão hirto e frio,
A escutar, pacientes,
O causídico e seu discurso,
Em defender veemente,
O réu que se quer inocente!
Em tão breve-longa jornada,
O relógio e o seu pêndulo
A marcar intenso, inclemente,
Ativo e acelerado,
Nossos segundos e horas,
Em momentos de paz suprema,
Suprema felicidade,
Que em êxtase, miragem,
Rogamos-lhe humildemente,
Pedindo-lhe que parasse!
Mas os ponteiros
(Ignorando o meu grito),
Avançam, incomplacentes,
solenes, graves, bonitos,
num ritmo cadenciado
rumando ao Infinito.
Tic tac, tic tac, tic tac.
Fátima Trinchão
Enviado por Fátima Trinchão em 16/10/2017
Alterado em 22/05/2020